CONCEPÇÕES SOCIAIS SOBRE OS MORADORES DE UMA RESIDÊNCIA TERAPÊUTICA

Autores

  • Eliane Barcellos Souza Universidade Federal do Espírito Santo
  • Pedro Machado Ribeiro Neto Universidade Federal do Espírito Santo
  • Luziane Zacché Avellar Universidade Federal do Espírito Santo

Palavras-chave:

psicologia social, concepções sociais, desinstitucionalização, reinserção social, residência terapêutica

Resumo

A Lei 10.216 instituída em 2001 discorre sobre os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, e nessa linha, a portaria 106 de 2000 instituiu as Residências Terapêuticas (RTs). No contexto dos processos de desinstitucionalização da loucura, este estudo objetivou analisar as concepções sociais de habitantes de um bairro de um município do sudeste brasileiro sobre moradores de uma RT localizada neste bairro. Foram entrevistados cinco habitantes do bairro. Da análise dos dados emergiram três categorias: concepções sobre a RT; concepções sobre os moradores da RT; e, por fim, concepções acerca da “loucura”. Foi observado que a circulação dos moradores da RT nos espaços urbanos foi positivamente concebida, desde que acompanhados por um profissional. Ficou evidente o desconhecimento por parte dos habitantes do bairro, tanto em relação ao serviço propriamente dito, quanto aos seus moradores. Importante dispositivo de reinserção social, a RT sozinha não é capaz de desconstruir a lógica manicomial. É importante, além da sua implantação, um processo de produção de conhecimento sobre tais serviços, envolvendo todos os que são abrangidos nesse processo: moradores, profissionais e a comunidade em geral, uma vez que a cidade pode, também, ser promotora de saúde mental, à medida que permite a emancipação de modos de ser/estar característicos de cada sujeito. O habitar a cidade requer que se pense na apropriação dos espaços, no estabelecimento de laços, nas trocas materiais e emocionais, numa busca que passa pela autonomia e responsabilização dos sujeitos envolvidos.

Biografia do Autor

Eliane Barcellos Souza, Universidade Federal do Espírito Santo

Psicóloga formada pela UFES.

Pedro Machado Ribeiro Neto, Universidade Federal do Espírito Santo

Psicólogo. Mestre e Doutor em Psicologia pelo Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Estado do Espírito Santo (PPGP-UFES). Atua principalmente com os seguintes temas: psicologia social, saúde mental, desinstitucionalização, residências terapêuticas, concepções sociais, identidade social, representações sociais, comunidade, pesquisa etnográfica.

Luziane Zacché Avellar, Universidade Federal do Espírito Santo

Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo

Referências

Araujo, A. de. (2004). Serviços Residenciais Terapêuticos em Saúde Mental: um estudo etnográfico sobre as moradias de Campinas - SP. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES.

Belini, M. G., & Hirdes, A. (2006). Projeto morada São Pedro: da institucionalização à desinstitucionalização em saúde mental. Texto & Contexto - Enfermagem, 15 (4), p. 562-569. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-07072006000400003&script=sci_arttext

Brasil. (2000). Portaria 106 de 11 de fevereiro de 2000. Institui os Serviços Residenciais Terapêuticos no âmbito do SUS. Brasília, DF: Ministério da Saúde. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/cidadao/visualizar_texto.cfm?idtxt=23119

Brasil. (2001). Lei Federal 10.216 de 06 de abril de 2001. Dispõe sobre o direito e a proteção de pessoas acometidas de transtorno mental. Congresso Nacional. Diário Oficial da União. Brasília, DF: Ministério da Saúde. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10216.htm

Brasil. (2004). Residências terapêuticas: o que são, para que servem. Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Brasília, DF: Ministério da Saúde. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/cartilha%20de%20residenciais.pdf

Brasil. (2011). Saúde Mental no SUS: as novas fronteiras da Reforma Psiquiátrica. Relatório de Gestão 2007-2010. Brasília, DF: Ministério da Saúde. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/gestao2007_2010.pdf

Dimenstein, M. (2006). O desafio da política de saúde mental: a (re) inserção social dos portadores de transtornos mentais. Mental, Barbacena, 6 (4). Disponível em: http://scielo.bvspsi.org.br/scielo.php?pid=S1679-44272006000100007&script=sci_arttext&tlng=pt

Espírito Santo (2012). Pacientes do antigo Adauto Botelho ganham vida nova em residências terapêuticas. Portal do Governo do Estado do Espírito Santo. Secretaria de Estado da Saúde. Disponível em: http://www.es.gov.br/Noticias/150356/pacientes-do-antigo-adauto-botelho-ganham-vida-nova-em-residencias-terapeuticas.htm

Minayo, M. C. de S. (2004). O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde (8a ed.). São Paulo: Hucitec.

Moreira, M. I. B. & Castro-Silva, C. R. (2011). Residências terapêuticas e comunidade: a construção de novas práticas antimanicomiais. Psicologia & Sociedade, 23 (3), p. 545-553. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/psoc/v23n3/12.pdf

Nasciutti, J. C. R. (2002). A instituição como via de acesso à comunidade. In: R. H. F. Campos (Org.). Psicologia Social Comunitária: da solidariedade à autonomia (pp. 100-126, 7a ed.). Petrópolis: Editora Vozes.

Resgala, R. M.; Freitas, M. E. A. (2004). Residência Terapêutica: o melhor lugar de se viver. Revista Mineira de Enfermagem, 4 (2), 2004, p. 283-289. Disponível em: http://www.enfermagem.ufmg.br/reme/remev8n2.pdf#page=33

Ribeiro Neto, P. M.; Avellar, L. Z. (2009). Conhecendo os cuidadores de um serviço residencial terapêutico. Mental. Barbacena, 7 (13). Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-44272009000200008

Salles, M. M.; Barros, S. (2006). O caminho do doente mental entre a internação e a convivência social. Imaginário. São Paulo, 12 (13). Disponível em: http://www.revistasusp.sibi.usp.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413666X2006000200018&lng=pt&nrm=iso

Saraceno, B. (2001). Libertando Identidades: da reabilitação psicossocial à cidadania possível (2a ed.). Belo Horizonte / Rio de janeiro: Te Cora Editora / Instituto Franco Basaglia.

Silva, D. S.; Azevedo, D. M. (2011). As novas práticas em saúde mental e o trabalho no serviço residencial terapêutico. Esc Anna Nery (impr.), 15 (3), p. 602-609. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ean/v15n3/a23v15n3.pdf

Vidal, C. E.; Bandeira, M.; Gontijo, E. D. (2008). Reforma Psiquiátrica e Serviços Residenciais Terapêuticos. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, 1 (57), p. 70-79. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/jbpsiq/v57n1/v57n1a13.pdf

Weyler, A.; Fernandes; M. I. A. (2005). Os caminhos das propostas de moradias para ex-pacientes psiquiátricos. Vínculo, São Paulo, 2 (2). Disponível em: http://scielo.bvs-psi.org.br/scielo.php?pid= S1806-24902005000100010&script=sci_arttext

Downloads

Publicado

2015-02-27

Edição

Seção

Artigos originais baseados em dados empíricos