O SOFRIMENTO PSÍQUICO NA PERCEPÇÃO DOS FAMILIARES

Autores

  • Alexandra Iglesias Universidade Federal do Espírito Santo
  • Bruna Ceruti Quintanilha Universidade Federal do Espírito Santo
  • Luziane Zacché Avellar Universidade Federal do Espírito Santo

Palavras-chave:

Família, Saúde Mental, Prontuários, Sofrimento Psíquico, Centro de Atenção Psicossocial

Resumo

Introdução: Na perspectiva da Reforma Psiquiátrica a família tem sido enunciada como imprescindível no processo de reabilitação psicossocial do seu ente em sofrimento psíquico, já que ela consiste, possivelmente, na primeira rede social de qualquer pessoa. Assim, traçamos como objetivo deste estudo identificar as percepções dos familiares sobre o adoecimento psíquico de seu ente, usuário de um Centro de Atenção Psicossocial. Método: Para tanto foram selecionados, aleatoriamente, 90 prontuários de usuários inseridos neste serviço. Resultados: As falas dos familiares contidas nos prontuários se referem a um usuário (homem e mulher) de 26-35 anos que teve a esquizofrenia como principal hipótese diagnóstica. Foram vários os entendimentos trazidos pelos familiares sobre o adoecimento psíquico: associação ao sobrenatural, a conflitos familiares, a questões hereditárias, a perdas financeiras e afetivas, ao uso de drogas, bem como ao nascimento do segundo filho, no caso das mulheres. Conclusões: Diante destes dados, destaca-se a importância de se conhecer e respeitar todas as concepções construídas sobre o adoecimento psíquico, acreditando que assim consigamos facilitar a comunicação entre os serviços de saúde, usuários e seus familiares; proporcionando uma terapêutica que não trabalhe a ideia de culpa, mas a co-responsabilização pelo processo de luta por um tratamento digno e próximo à comunidade de referência destas famílias.

Biografia do Autor

Alexandra Iglesias, Universidade Federal do Espírito Santo

Psicologa. Doutora em Psicologia Professora do Departamento de Psicologia da UFES.

Bruna Ceruti Quintanilha, Universidade Federal do Espírito Santo

Psicóloga. Doutoranda em Psicologia pela UFES

Luziane Zacché Avellar, Universidade Federal do Espírito Santo

Departamento de Psicologia Social e do Desenvolvimento e Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo

Referências

Andrade, L. H. S. G.; Viana, M .C.; Silveira, C. M. (2006). Epidemiologia dos transtornos psiquiátricos na mulher. Revista de Psiquiatria Clínica, 33(2), 43-54.
Avellar, L. Z. (1992). Saúde Mental e Recursos Terapêuticos: Representação das perturbações psíquicas e estratégias adotadas para a sua resolução. [dissertação]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Ballone, G. J. Psicose na Adolescência - in. PsiqWeb.(2003). Acessado em 6 de agosto de 2015, de http://sites.uol.com.br/gballone/infantil/adolesc4.html.
Borba, L. O.; Schwartz, E.; Kantorski, L .P. (2008). A sobrecarga da família que convive com a realidade do transtorno mental. Acta Paulista de Enfermagem, 21(4), 588-594.
Brasil. (2004) Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Coordenação Geral de Saúde Mental. Saúde mental no SUS: os centros de atenção psicossocial. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
Cavalheri, S. C. (2010).Transformações do modelo assistencial em saúde mental e seu impacto na família. Revista Brasileira de Enfermagem, 63(1),51-57.
Chaves, A. C. (2000). Diferenças entre os sexos na esquizofrenia. Revista Brasileira de Psiquiatria, 22, 21-22.
Cirilo, L. S.; Oliveira Filho, P. de. (2008) Discursos de usuários de um centro de atenção psicossocial-CAPS e de seus familiares. Psicologia: Ciência e Profissão [online], 28(2),316-329.
Maciel, S. C., Barros, D. R., Silva, A. O., & Camino, L. (2009). Reforma psiquiátrica e inclusão social: um estudo com familiares de doentes mentais. Psicologia: Ciência e Profissão, 29(3), 436-447.
Mari, J. J.; Leitao, R. J. (2000) A epidemiologia da esquizofrenia. Revista Brasileira de Psiquiatria, 22, 15-17.
Montero, P. (1985). Da doença à desordem: a magia na umbanda. Rio de Janeiro: Graal.
Moraski, T. R.; & Hildebrandt, L. M. (2005). As percepções de doença mental na ótica de familiares de pessoas psicóticas. Revista Eletrônica de Enfermagem, 07(02),195-206.
Moreira, M. I. B.; Andrade, A. N. (2003) Ouvindo loucos: Construindo possibilidades de viver com autonomia. Revista Psicologia Saúde e Doença (Lisboa), 4(2), 249-66.
Moreno, V. (2008) A família do portador de transtorno mental: identificando recursos adaptativos. Texto & Contexto – Enfermagem, 17(4), 680-88.
Pegoraro, R. F., & Caldana R. H. L. (2008). Mulheres, loucura e cuidado: a condição da mulher na provisão e demanda por cuidados em saúde mental. Saúde e Sociedade,17(2), 82-94.
Pereira, M. O. (2003) Representação da doença mental pela família do paciente. Interface – Comunicação, Saúde e Educação, 7(12),71-82.
Pereira, M. A. O.; & Pereira Junior, A. (2003). Transtorno mental: dificuldades enfrentadas pela família. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 37(4),92-100.
Pimenta, E. S.; & Romagnoli, R. C. (2008). A relação das famílias no tratamento dos portadores de transtorno mental realizado no Centro de Apoio de Atenção Psicossocial. Revista Pesquisas e Praticas Psicossociais, 3(1),75-84.
Rolin, M. A.; Ide, C. A.; & Colvero, L. de A. C. (2002) Família e Doença Mental: a difícil convivência com a diferença. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 38,197- 205.
Rosa, L. C. S. (2003). Transtorno mental e o cuidado na família. São Paulo: Cortez.
Severo, A. K. de S., Dimenstein, M., Brito, M., Cabral, C., & Alverga, A. Reinecke. (2007). A experiência de familiares no cuidado em saúde mental. Arquivos Brasileiros de Psicologia, 59(2), 143-155.
Spadini, L. S.; & Souza, M. C. B. M. (2006). A doença mental sob o olhar de pacientes e familiares. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 40(1), 123-27.
Tsu, T. M. J. A.; Tofolo, V. (1990) Concepções etiológicas de pacientes psiquiátricas. Psicologia-USP, 1(2),155-166.
Villares, C. C., Redko, C. P., & Mari, J. (1999). Concepções de doença por familiares de pacientes com diagnóstico de esquizofrenia. Revista Brasileira de Psiquiatria, 21(1), 36-47.

Downloads

Publicado

2016-12-15

Edição

Seção

Artigos originais baseados em dados empíricos